sexta-feira, 15 de abril de 2011

POR QUE OS HOMENS SÃO ASSIM?


Grande é a batalha do homem para constituir-se como tal, pois o primeiro dever dele desde que nasce é não ser uma mulher. Para os meninos, separação e individuação acham-se vinculados à identidade de gênero, visto que a separação da mãe é essencial para o desenvolvimento da masculinidade. A masculinidade define-se através da separação enquanto a feminilidade através do apego; sendo assim a identidade de gênero masculina é ameaçada pela intimidade, ao passo que a identidade feminina é ameaçada pela separação. E no caminho de constituir-se um homem, o menino irá buscar fora de si mesmo, referências para a construção do modelo de comportamento masculino.

O trabalho e o desempenho sexual funcionam como as referências principais. Tanto uma quanto a outra criam uma expectativa de êxito, de competição, de dominação. Mas por outro lado, o ideal masculino faz com que o homem abra mão de qualquer traço de feminilidade e isso inclui suas necessidades afetivas. Exige-se que seja superior em relação aos outros.

A masculinidade é medida pelo compasso do sucesso, do poder e da admiração que provoca. Ele deve ser independente, exibir uma aparência de audácia, agressividade, mostrar-se capaz de correr todos os riscos, se necessário ser violento, para garantir sua supremacia sobre o outro. Acompanham essa "hipervirilidade": a violência pessoal e coletiva, as doenças, os riscos, a competição e o estresse, a obsessão pelo desempenho aumentando muito sua fragilidade, diminuindo assim sua expectativa de vida em 10 anos, relacionada à expectativa média de vida das mulheres.

Como a identidade masculina é ameaçada pela intimidade, assim o menino passa a acreditar que os homens não podem se permitir tocar, acariciar, sentir, rir e chorar, porque estes comportamentos seriam de uma mulher, da mãe. Além do que lhe é verbalmente passado: "homem não chora", "isso é coisa de veado", "parece uma mulherzinha".

Por causa disso, os homens vivem uma segmentação polarizada do que é o masculino e o feminino, o sexual e o afetivo, o trabalho e o prazer. Experiência seus afetos com uma incapacidade para entrega e com apelo eminentemente sexual. Por ter como único código amoroso, o da sexualização de seus afetos, se o homem está próximo de uma mulher ele a vê como um objeto sexual. Devido ao fato de terem sido acostumados a serem meros observadores da trama afetiva, os homens seduzem, ao mesmo tempo em que procuram evitar envolvimento.

Parte dos problemas hoje emergentes da relação homem-mulher surge a partir do significado que a representação da mulher tem para o homem, impedindo-o motivado mais pelo significado do que pelas experiências reais de trocas, contatos e descobertas.

Concluindo, o homem desde que nasce é cobrado para que se torne um homem, afastando-se da mãe, para não ser como ela. Deverá também não demonstrar seus sentimentos, suas fraquezas, seus medos, suas emoções. Seu afeto reprimido deverá ser convertido em energia sexual e ele deverá "conquistar" as outras mulheres, pois "ter" mulheres é o jeito de não "ser" uma delas. Ao objetivar a mulher evita o encontro e o envolvimento entre eles.
 


Não deve demonstrar seu amor por outros homens também, sob risco de ser considerado um homossexual. Deve ser forte e potente no trabalho e na sua vida sexual. O tempo todo lhe é lembrado que é um homem, mas não lhe ensinaram a descobrir quem é ele: o que sente, do que gosta, a quem ama, a quem deseja.

O homem necessita resgatar a capacidade de sentir e expressar seus afetos, contribuindo assim para a transformação desse homem e desse pai, motor fundamental na criação de novos homens mais inteiros, mais próximos de seu verdadeiro "eu".
 

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